Algum tempo depois da minha chegada, apercebi-me que existem diversas organizações e grupos que fazem, de modo voluntário, várias coisas que contribuem para a sociedade. Ainda que, por vezes, não estivesse certo de que seria bom para mim, decidi colaborar com as iniciativas que me pareceram mais positivas e construtivas. A primeira foi uma equipa de futebol e, a segunda, um grupo de voluntários com ações para melhorar a cidade. Graças a esta atividade, descobri pessoas com interesses iguais aos meus; com estas pessoas divirto-me muito. Mas, para além disso, deu um significado maior à minha presença neste local porque me fez sentir parte da comunidade.

Participa em atividades ou associações que te podem interessar; pode ser uma forma de ajudar os outros, de ter um papel ativo na nova sociedade e de seres reconhecido por isso.

Ao início sentia-me confuso porque sabia pouco sobre a cultura em que me encontrava. Aos poucos comecei a relacionar-me com diferentes pessoas e com diferentes locais, o que me ajudou a percecionar as várias facetas daquele novo contexto. Deste modo, percebi como é que as coisas funcionam no novo país e familiarizei-me com a nova cultura, hábitos e regras. Estabelecer estas novas e diferentes relações foi de grande importância para a minha proteção naquele momento de descoberta; daí ter prestado tanta atenção na escolha de relações adequadas.

Estabelece novas relações com diferentes pessoas e locais à tua volta, estando atento e recetivo à diversidade cultural que poderás encontrar.

Gostava muito de estudar quando vivia na minha aldeia. Quando cheguei ao novo país, as pessoas à minha volta propuseram-me ir à escola e estudar para também conseguir aprender a língua, o que foi muito importante para mim no início. Mas tudo era diferente da escola que conheci: colegas, professores professoras, disciplinas e até a maneira de aprender. Apesar das dificuldades com a nova língua expliquei aos meus novos professores, e às pessoas que me estavam a apoiar, o que já tinha aprendido. Isto fez com que me ficassem a conhecer melhor. Também foi importante pedir os certificados escolares que já tinha obtido porque habitualmente são necessários para a continuação dos estudos (como ir para a universidade) ou até para entrevistas de trabalho.

Explica a tua experiência escolar anterior aos novos professores e às pessoas que te estão a apoiar no novo país. Fala com essas pessoas sobre os teus interesses e objetivos escolares.

Durante a viagem, tomei consciência pela primeira vez de que a responsabilidade sobre mim e a minha vida dependia maioritariamente de mim e que o meu futuro dependia das minhas próprias capacidades e confiança. Aprendi com tudo o que passei durante esses dias, quer as boas situações, quer as mais difíceis. Agora conheço-me melhor, conheço as minhas limitações e as minhas capacidades, o que é importante para reorganizar o meu próprio projeto. Percebi que a minha experiência é uma base preciosa que irá aumentar e crescer constantemente, por isso deve ser desenvolvida com carinho e valor. Comunicar e contar sobre a minha experiência é, na realidade, uma boa forma de a valorizar.

Vê a viagem como uma experiência que mostra as tuas capacidades, por isso tenta valorizá-la e partilhá-la com outros.

Em casa tinha pontos de referência que conhecia bem: sabia para onde ir, o que fazer e conhecia muitas pessoas. Isto dava-me uma sensação de segurança e de pertença. Quando parti, perdi essa sensação. Por vezes, tinha a impressão de ter menos controlo sobre a minha situação. Sentia-me um bocado perdido porque no início todos os sítios e todas as pessoas eram novos para mim. Pouco a pouco fui ganhando confiança e voltei a orientar-me: familiarizei-me com os sítios, com as pessoas à minha volta, com os hábitos e com as regras neste novo local, o que me fez sentir mais seguro. Isso ajudou-me a orientar na construção da minha vida neste novo sítio.

Passa um tempo a conhecer o novo local onde estás e as pessoas com quem te relacionas. Procura novos pontos de orientação