Quando estava em casa, passava o meu tempo livre de várias formas. Gostava muito de jogar futebol e de ouvir música. Normalmente fazia estas atividades com os meus amigos e amigas. Quando cheguei ao novo local, não sabia o que fazer no meu tempo livre, nem com quem poderia partilhar esses momentos. Por outro lado, os espaços, os hábitos e as pessoas são diferentes. Então, comecei a perguntar sobre o tipo de atividades que podia realizar, sobre as possibilidades de vir a jogar futebol e a dizer às pessoas, que fui conhecendo, aquilo que costumava de fazer para me divertir. Partilhámos as nossas ideias sobre como usar o nosso tempo livre e começámos a combinar várias coisas divertidas. Ao mesmo tempo, tentei compreender as diferentes opções que existiam neste novo espaço.

Aproveita o teu tempo livre com passatempos, desportos e atividades que gostas.

Em casa ajudava a minha família, por exemplo, ao trabalhar com o meu pai. Quando cheguei ao novo local, o meu papel junto da minha família não tinha tanta importância. Decidi dizer às pessoas as competências que tinha, como carpinteiro, o que me permitiu novas oportunidades no meu futuro que de outra foram não teriam sido consideradas. Lembrar-me daquilo em que sou bom ajudou-me a sentir-me importante enquanto pessoa neste novo sítio onde ninguém me conhece. Também tentei que as pessoas percebessem quem sou e aquilo em que sou bom. Reparei que isto ajudava as pessoas a olharem para mim de um modo diferente e a darem-me mais valor enquanto elemento da comunidade. Estar confiante naquilo que sei fazer e no que quero alcançar abriu-me novas oportunidades.

Valoriza e partilha as tuas experiências, competências e aspirações para aumentar as oportunidades no novo país.

Venho de um país muito longe daqui, onde vivia com a minha família numa grande comunidade com muitos amigos. Ia à escola, gostava de jogar futebol mas também trabalhava para ajudar a minha família. Muitas vezes costumava passar: as tardes a ajudar o meu pai no trabalho dele.

Tínhamos um pequeno campo onde cultivávamos legumes. A minha mãe cozinha-os muito bem com arroz e, às vezes, fazia-os com galinha.

O momento que mais gostava quando estava em casa era a hora de me ir deitar: tinha um quarto só para mim. Era pequeno mas era o meu espaço, só meu. Aí eu era livre de pensar e sonhar sobre o meu futuro...

CASA Resiland TRATTO

 

Em casa vivia numa comunidade onde os meus laços com as diferentes pessoas, como a minha família e os meus amigos e amigas, eram muito importantes. Eu podia confiar neles e partilhar as minhas preocupações e sentimentos. Quando cheguei ao novo país, as caras das pessoas eram estranhas e desconhecidas e eu senti falta da sensação de segurança que a minha família e amizadess me transmitiam. Mesmo que não tenha sido sempre fácil e que eu tivesse tido de escolher muito bem quem eram na verdade os meus novos amigos, comecei a estabelecer novas relações com diferentes pessoas, o que foi muito importante porque agora já aumentei a minha rede social e isto aproximou-me desse novo país onde me encontro.

Faz novas amizades. Cria relações com pessoas em que sintas que podes confiar e que te podem apoiar. Mantém-te disponível para novas relações positivas com outras pessoas.

Chamo-me Resil e já tenho dezoito anos. Venho de um país muito longe daquele onde moro agora. Aqui vão encontrar a minha história e alguns pensamentos e coisas que percebi terem sido importantes na minha viagem.

Eu sei que cada pessoa é diferente e que cada história não é igual. Ainda assim, tentei, a partir da minha experiência pessoal dar alguns conselhos e pistas que penso poderem ser importantes para ultrapassar os problemas que todas as pessoas que saem da sua terra para outros países encontram pelo caminho. Cada história é como uma árvore com folhas, troncos e cores que são sempre únicos e diferentes.

Apesar disso, espero que partilhar a minha história possa ser útil e encorajador para as pessoas que, como eu, deixaram a sua casa e viajaram para um mundo novo e uma vida nova, encontrando dificuldades, desafios, oportunidades e adversidades.

Espero que gostem da minha história e desejo-vos o melhor para a vossa.